Sunday, April 8, 2007

A procura dos porquês...

Como tudo começa? E porquê?
O meu caro amigo Rui Figueiredo pediu-me para escrever umas linhas sobre música ou relacionado com, como este blog está a começar achei por bem escrever sobre começos, ou seja, porque é que começamos a tocar,o que nos leva a fazer tal coisa? Porque é que passamos de ouvintes a executantes, e porque é que depois de saber tocar queremos mostrar aos outros?


Vamos pelo princípio: dizem os entendidos (pelo menos alguns) que todos temos ouvido absoluto entre os três e os quatro anos, alguns países aproveitam este espaço temporal para perceber qual é o instrumento preferencial da criança, colocam-nos numa sala cheia dos mais variados instrumentos e deixam os “putos” escolherem o que lhes dá mais prazer, ao fim de uns dias inevitavelmente a criança demonstra uma natural tendência para um deles. (poderia fazer aqui uma piada e dizer que os mais inteligentes escolhem a bateria...mas não vou ser desagradável).
Depois disto o que é que acontece? Existem dois caminhos, o mais comum pelo menos em Portugal é não ter aulas de música, o outro são os privilegiados que ou porque os pais têm dinheiro e vontade ou em muitos casos só vontade, conseguem assegurar que os filhos continuam a ter uma educação musical.
Também é verdade que muitos são os casos em que apesar da insistência para que o filho tenha aulas ele não tem o que é mais importante...vocação, vontade e prazer em tocar.
Na adolescência desenvolvemos aquilo a que os especialistas chamam “adorodeouvirmusicaeporquenaofazerumabanda” , amigos juntos numa garagem, uns instrumentos mal amanhados e toca a fazer barulho!
Acho que é por esta altura que na grande maioria dos casos acontece o “click”, alguns de nós são chamados por Apolo para fazer parte de uma das duas grandes famílias musicais, os que fazem e os que ouvem música. A única vantagem dos primeiros é que para alem de se deleitarem a ouvir também a entendem, o que as vezes pode ser desconfortável porque se preocupam demais em perceber o que se passa e passam ao lado da essência da música que é o prazer de a ouvir.
Este é o começo que eu quero perceber, quando formamos uma banda ou mesmo um projecto a solo, fazemo-lo porquê? Porque é que queremos compor, tocar para outros?
É pelo prazer de tocar, compor? Pelo dinheiro que possa vir a dar? Por vaidade? Por sentir que é uma forma de comunicar que se ajusta a nossa personalidade? É pelas miúdas(os)? Porquê?
Acho que quem tiver resolvida esta questão, esta bem lançado para ser mais feliz musicalmente, qualquer opção é boa, porque é a sua opção.
A grandeza dessa escolha é definida pela pequenez da recompensa, podemos até enriquecer as custas da música desde que não tenhamos comprometido o prazer, ou seja, existem muitos casos de sucesso de artistas que ganham milhares e não comprometem os seus ideais, aquilo que nos fez começar a tocar, se o “aquilo” for o prazer de tocar...acho que serão os mais felizes e no fundo uns privilegiados.
Por isso acho que é importante que definam à partida o porque de estar ligado a música, pode parecer uma pergunta um pouco idiota mas conheço muita boa gente que não tem esta questão bem resolvida, e isto é de uma importância nuclear no futuro do vosso projecto. Posso deixar aqui dois exemplos que para mim são dois extremos, o ideal seria encontrar um meio-termo.


Gosto muito de cantar e tocar mas se algum dia deixar de ganhar dinheiro com isto mais vale trabalhar numa bomba de gasolinaJack Johnson


Gosto demasiado da música para viver as custas delaMestre Carlos Paredes






Nuno Rocha

Organizador de eventos musicais ( ex. Vilar de Mouros 2007)

3 comments:

RockPoet said...

Absolutamente fabuloso. Não preciso dizer mais nada, nem é preciso.

Unknown said...

Um grande texto, cheio de emoção.
Se os textos tiverem a qualidade deste vou ficar cliente deste blog.

Unknown said...

1 texto k me deixou com vontade de escrever, mto bom!!!!!!!!!!!!!
Eu kero chegar lá pela paixão k tenho pela música.